terça-feira, 17 de março de 2009

Ir na onda ou ser diferente


É cíclico, depois de uma derrota perde-se a confiança e, o estado de graça dá lugar à maledicência. Este fim-de-semana foi aziágo, derrota caseira e perda do 2º lugar, aquele que dá esperança de uma receita milionária, mas o pior foi o amorfismo da equipa. Ser mais rápido que o adversário, quer a pensar quer a executar, é a premissa mais importante do futebol, algo que a equipa, raramente, faz. Por tudo isto a critica instalou-se, alguns jogadores são apontados, o presidente e, até Rui Costa recebem apupos, mas o alvo maior é Quique Flores que ganha, cada vez mais, um grupo de detractores ao seu trabalho.

A verdade é que o discurso da paciência não tem correspondência nos adeptos, ávidos por títulos não toleram o tempo de espera e, quando surge um abalo logo se transforma em terramoto. Concordo que nem tudo está bem mas pergunto, será que alguém acredita que depois de anos e anos acumulando erros, tudo será ultrapassado facilmente?

O treinador, eterno elo mais fraco de uma equipa, sente a corda esticar para o seu lado, mas o que fez Quique de diferente dos outros treinadores que passaram pelo Benfica. Olhando para as últimas 4 épocas, verificamos que a equipa não ganhou trofeús e, claudicou sempre no último terço do campeonato.

- Em 2005/06 com Ronald Koeman eramos 2º classificados à 20ª jornada, terminamos o campeonato em 3º
- Em 2006/07 com Fernando Santos mantivemos o 2º lugar até à 24ª jornada, acabamos no 3º lugar
- Em 2007/08 com Camacho e Chalana, aguentamos o 2º lugar até à 25ª jornada, finalizamos em 4º lugar
- Esta época aguentamos até à 21ª jornada

Visto assim, Quique Flores é igual aos outros logo é melhor substitui-lo. Mas vejamos um outro prisma.

Sir Alex Ferguson é hoje o mais prestigiado e respeitado treinador do mundo, são inúmeros os trofeús conquistados no seu Manchester, no entanto, Sir Alex teve que enfrentar o Cabo das Tormentas, no inicio do percurso, pois o seu 1º trofeú, a Taça de Inglaterra, foi conquistada no final da 4ª época à frente do clube e, o 1º campeonato ao fim de 6 épocas.

Deste ponto de vista, deverá Quique manter-se muitos anos no Benfica?

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Sou da opinião que um treinador deve estar 2 épocas à frente de uma equipa, para que o seu trabalho seja avaliado com algum rigor. Não é demais lembrar que, não é por acaso que o Benfica atavessa o deserto, para além dos erros cometidos, o clube defronta 2 projectos fortes e estáveis, que vão atingindo o sucesso. E considero que existem duas formas de sucesso, o esporádico fruto da conjugação de talentos e resultados num determinado momento e, o consolidado assente num projecto de continuidade e qualidade.

Quique Flores poderá não ser o treinador ideial para o Benfica ( e já são tantos ), mas continuará a ter o meu apoio para que cumpra as 2 épocas à frente da equipa.

2 comentários:

Antlp disse...

Ideia muito bem explanada, documentada, a qual partilho em absoluto, como em tudo na vida,
o tempo e o sucesso são difíceis de compatibilizar, a penumbra e o esforço para se atingir o auge é algo que não se vê, quem não se (re)conhece...

Querem o sucesso mas, às vezes são meras palavras de circunstância, outras vezes para desviar atenções da sua vida medíocre, outras para atingir notoriedade...

por outro lado, não os podemos substimar, o "povo é quem mais ordena"...

C@rl0s disse...

É difícil perceber e aceitar que o Benfica deixou de dominar o futebol português e creio que esse é o factor a tremenda impaciência dos adeptos benfiquistas, que estavam habituados a ter a supremacia no nosso futebol.
Sou da opinião que os projectos no Benfica terão de ser a longo e não a curto prazo, isto porque sem construir umas bases sólidas o futuro estará comprometido.
Quanto ao Quique penso que deverá continuar por mais uma época e sou depois avaliar o trabalho feito.